ANTONIO
CARLOS ALVES DE ARAÚJO(PSICÓLOGO-C.R.P.31341/5- TATUAPÉ -SP-SP-(RUA ENG.
ANDRADE JÚNIOR 154-TELS: 26921958/93883296
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AUTO-ESTIMA (ESTUDO PSICOLÓGICO)
Se pensarmos numa primeira definição sobre à
auto-estima, logo iremos nos debater com a primeira contradição; o fenômeno
que estaria relacionado ao amor próprio do indivíduo, seu senso de capacidade
pessoal e auto-respeito, está totalmente condicionado a opinião alheia, ou
imagem externa acerca da pessoa; o que pensávamos ser um patrimônio
exclusivamente íntimo, é visitado, revisitado e alterado constantemente.
Ficamos mais atônitos ainda, quando observamos alguém com sucesso profissional
ou material, mas que mostra uma debilidade comprometedora no âmbito afetivo.
Mas como é possível alguém que se elevou tanto socialmente se desprezar sem
nenhum senso de dignidade pessoal? A resposta é sempre muito simples, quando o
assunto é a pessoalidade parece que estamos lidando com um acervo que nunca é
concreto, por mais que o desejemos. É como se num primeiro momento tivéssemos a
certeza de possuirmos um “tesouro próprio”, mas depois de um olhar cuidadoso
sentir que há muito convivemos com a certeza de uma pobreza de nossa alma.
Na atualidade o sistema econômico tenta lucrar com
dita problemática, levando ao incremento de uma auto-estima doentia ou
competitiva; como exemplos, cito a estética ou culto desenfreado ao corpo, que
representam uma tentativa de reafirmar um complexo de superioridade numa
personalidade que nunca soube realmente encontrar seu valor próprio afora o
gosto por se comparar. A certeza de algo íntimo e inviolável parece ser não
apenas rara, mas também uma das coisas mais elitistas do ponto de vista
psicológico. Quem detém tal privilégio? Talvez aqueles que reneguem a
competição e que fazem um esforço para utilizarem suas habilidades não apenas
para si próprios. O problema da manutenção de uma auto-estima é se deparar
com os conflitos causados quase que diariamente pelo meio em que convivemos.
Nosso temor ao ostracismo, solidão e abandono, nos leva a desistir facilmente
de um ideal ou meta estabelecida.
Não há um terreno mais arenoso para a personalidade
humana do que o lidar com a crítica. A mesma pode suprimir ou abafar o que
realmente era um grande potencial da pessoa; por outro lado, sua ausência tolhe
não apenas a criatividade, mas também a possibilidade de uma mudança concreta.
Novamente neste ponto o modelo econômico reduz tal questão a elementos
materiais ou estéticos. Alguns conseguem sobrepujar tal ditadura silenciosa
mantendo um certo carisma pessoal, independentemente dos valores sancionados. A
grande maioria opta por um narcisismo que nada mais é do que um disfarce de sua
miserabilidade pessoal. Por mais teses que se discutam, a verdade é que
todos aceitam o fato de que algo é somente importante quando se transforma num
produto que possa ser explorado ou vendido. É o transporte pleno da questão
econômica para o patamar psicológico.
Muitos têm a convicção de estarem realmente
trabalhando para o incremento de sua auto-estima, quando na verdade estão
corrompendo a mesma, pois apenas estão satisfazendo uma vontade criada
socialmente de ser notada ou de destaque. A auto-estima não pode ser
reduzida ao temor de ser excluído; infelizmente é exatamente neste ponto que se
concentram todos os sacrifícios. A dualidade de nossa era molda pelo menos
dois tipos distintos: o primeiro já citado que busca o narcisismo sancionado
pela sociedade; o segundo acaba se tornando retraído ou quase que totalmente
solitário, como um protesto pessoal contra a corrosão e hipocrisia nos
relacionamentos. Mas como podemos medir ao menos de um modo rudimentar nossa
auto-estima? A medição se centra em quatro áreas distintas:
·
A
crença de que possui um potencial próprio que jamais pode ser violado como
disse acima, mesmo que a pessoa não tenha obtido determinada referência social
de sucesso ou poder. Estes dois últimos estão mais para a “sorte”, do que a
aferição do potencial do indivíduo. A auto-estima advém da capacidade de reter,
aprender e elaborar determinado conteúdo, o tornando prático para as
necessidades da pessoa.
·
A
relação da pessoa com o meio em que vive, como é permeada? Conflitos,
cooperação, admiração, desinteresse, exclusão, sedução, inveja, competição,
ódio; quais destes elementos prevalecem?
·
Em
relação à afetividade e sexualidade sente ser desejado, requisitado ou a
atitude do meio é de total indiferença?
·
A
elaboração de um real sentido da vida da pessoa.
Obviamente este último tópico passa por questões um
tanto filosóficas e até transcendentais, e embora nenhum colégio até hoje ouse
ensinar ou refletir com a criança ou jovem o sentido de sua vida no contexto em
que vive, salientando apenas as normas competitivas, ainda assim devemos
insistir num lado que jamais trará lucro econômico, mas um regozijo pessoal por
termos deixado algo na criança e jovem além das doentias “regras do mercado”.
A auto-estima diz muito mais da elaboração da
frustração e rejeição do que correr ansiosamente atrás de uma aceitação social.
Não será difícil deduzir que numa sociedade como a nossa a pessoa “feliz” é
aquela que possui sempre algum tipo de ferramenta para o recomeço. É um
tanto estranho que poucos percebam não apenas o sentido das coisas, mas a forma
prática de estabelecer um campo pessoal de saúde psicológica. Como exemplo cito
a patologia da depressão. Há anos tenho observado que uma neurose é controlada
quando se ativa uma certa vergonha, raiva ou pudor interno do indivíduo perante
sua condição. O prognóstico negativo da depressão é justamente quando tal fato
não pode mais ser obtido, sendo que o sofrimento se transformou num tipo de
“profissão”. O que estou tentando dizer é que os elementos sociais destrutivos,
tipo a competição, poderiam ser canalizados do ponto de vista psicológico, como
um tipo de vacina que em sua essência possui o veneno. Infelizmente nosso
sistema não está nem um pouco preocupado com todo o exposto. O coletivo ou o pensar
social é equacionado a derrocada ou miséria, pois o modelo vigente passa a
fantasia do destaque na questão privada. Tornar-se herói ou vitorioso é a droga
que nos dão desde o nascimento, e a hipocrisia social é um disfarce para
que tal conceito continue sendo passado.
É importante neste ponto abrirmos uma discussão
acerca do elogio. A psicologia tem reforçado a importância do mesmo na formação
do ego e amor próprio da criança. Isto é indiscutível do ponto de vista
constitucional da personalidade. Porém, o psicólogo um pouco mais atento já
notou que na prática clínica as coisas se passam de modo diferente. A pedagogia
sempre chamou a atenção para uma espécie de profecia autocumpridora do educador
em relação aos alunos, assim sendo, quando o mesmo elogiava o potencial do
educando observava uma melhora significativa no desempenho escolar, assim como
o reverso acontecia; baixo desempenho quando não havia esse reforço. Embora
novamente isto represente uma verdade, no âmbito psicológico a coisa funciona
de forma muitas vezes inversa. O elogio ou reforço cria uma espécie de
dívida entre as partes envolvidas; conseqüentemente se ativa um mecanismo
altamente neurótico de competir perante a expectativa do outro; a conseqüência
é o “gozo da contrariedade”, mesmo que tal jornada conduza a pessoa ao caos. Quantos
psicólogos poderiam relatar o abandono da terapia por parte do paciente quando
o mesmo efetuou determinado progresso. É incrível como quase todas as escolas
de psicologia omitiram tão importante conclusão em suas bases teóricas e
práticas. O elogio pode ser a ferramenta suprema para a sabotagem de um ser que
não deseja a responsabilidade do crescimento. Quem duvida de tal conceito é só
observar como determinados namoros ou casamentos terminam no que poderíamos
constatar de auge da relação, sem nenhuma explicação mais contundente. Não se
trata da propagandística mensagem do medo à felicidade, mas de um mecanismo
interno de poder neurótico que visa coibir qualquer tipo de cooperação e troca.
Mas o leitor mais insistente ainda pode indagar como um elogio pode despertar
um incômodo da natureza citada? Mesmo que o reforço seja positivo, tal operação
reforça constantemente a inveja, o que é mais curioso ainda, pois a pessoa está
sendo elogiada e ainda assim mergulha neste sentimento sombrio; a
perturbação é saber que o outro é capaz de reconhecer ou transmitir alegria e êxtase no contato
humano, coisas extintas na pessoa que irá sabotar.
Em praticamente todos os meus *estudos reforcei a
tese de que o objeto central da psicologia em nossa era, não poderia passar por
uma questão acadêmica sobre se a psicanálise ou as teses de SIGNUND FREUD ainda
permaneceriam ou não válidas, mas que o fundamental seria um projeto mental de
profilaxia dos distúrbios neuróticos e a retomada de uma qualidade de vida
perdida em nosso meio econômico e social. Seja a psicanálise, ou psicologia,
todos irão falhar se não observarem as reais instâncias do sofrimento
psicológico atual. Conseqüentemente qualquer projeto sério de psicologia deverá
priorizar o grande vilão de nosso tempo, que é a solidão. Posso afirmar que são
raríssimas as análises psíquicas sobre o tema. Além do mesmo remeter à esfera
da essência da humanidade, como a questão do abandono e morte, sua implicação
passa por praticamente toda a estrutura pessoal e coletiva do sujeito. A
solidão não é apenas uma fonte de sofrimento, derrota ou sensação de fracasso
de potencialidades individuais, afetivas e sexuais perante observadores
externos; a essência de tal fenômeno tem a peculiaridade de apagar ou
dissolver qualquer êxito ou realização externa que não pode ser testemunhada ou
reforçada por determinada pessoa. Neste ponto, finalmente chegamos a
conclusão do lugar certo do elogio. A solidão é a virose extrema que produzirá
uma “septicemia” de todo o núcleo psicológico positivo da pessoa; é uma morte
lenta e antecipada do desejo, assim como o incremento da sensação de expiração
do tempo de vida. Logicamente não desejo pregar que a saída de tal dilema passa
por uma apelação ou estabelecimento de um relacionamento qualquer, apenas quero
enfatizar a importância da questão. Talvez o ditado: “antes só do que mal
acompanhado”, seja uma das coisas mais sombrias que podemos refletir, pois as
duas opções dizem do fracasso extremo, sendo que a primeira é apenas uma
racionalização da mais pura insatisfação e infelicidade. Estar só é
extremamente necessário do ponto de vista da reflexão pessoal e auto-análise de
nosso comportamento ou conduta de vida. A doença advém no “ser só”, sendo um
projeto neurótico em longo prazo de distanciamento do outro, pelo temor à
frustração que um relacionamento possa acarretar.
As justificativas do projeto de solidão pessoal
passam pelas histórias de fracasso ou sofrimento no âmbito afetivo ou sexual. A
pessoa não deseja mais passar pelo fantasma da perda ou rejeição, ou ainda
almeja a vingança dessa situação pretérita numa nova arena interpessoal. Será
que apesar de tantos livros, teorias, filosofias orientais e coisas do gênero,
não conseguimos captar o sofrimento que o apego nos impõe? Anteriormente
assinalei que a solidão seria a prioridade para um projeto psicológico na área
da saúde mental, mas devo ressaltar que o mesmo agrega outras questões. Se
desejarmos realmente lidar com nossas mazelas emocionais, três são as áreas de
atuação que interferem de forma fatal no psiquismo: narcisismo (defino como a
loucura ou paranóia de que o meio não aceite a pessoa, medo extremo da perda ou
abandono, camuflados num projeto egóico de pura vaidade); solidão (que já foi enfocada);
e tédio (defino como uma determinada meta alcançada de sobrevivência ou ganho
econômico ou busca da beleza, que não coloca o indivíduo num patamar de
satisfação pessoal, pelo contrário, revela a fragilidade e miopia de seus
projetos íntimos).
Outra questão popularmente associada à auto-estima
diz sobre a importância de dizer um “não”, sendo que muitas pessoas têm uma
extrema dificuldade de efetuarem tal coisa. O não muito mais do que um treino
da auto-estima é uma ferramenta que temos de aprender a usar para que o outro
não atrapalhe o desenvolvimento natural de determinado anseio ou desejo que se
pretenda realizar. O quanto se pode doar ou não ao outro dará a dimensão se
estamos num caminho de crescimento ou neurose. Todos já perceberam que há por
parte de algumas pessoas uma espécie de solidariedade com quem não deseja
crescer, ou com determinado sujeito que apesar de intensos avisos, teima em não
corrigir pontos obscuros de sua personalidade. Apesar das reclamações, a pessoa
insiste em trabalhar por alguém abertamente não merecedor dos esforços
depositados. Na verdade esta solidariedade com pessoas neuróticas sempre foi
interpretada de modo errôneo, pois se dizia que sua origem era o aparato
cristão de tentar salvar o outro a qualquer custo. A realidade é que alguém
que se empenha em demasia por depositar sua energia numa pessoa que não deseja
responder, há muito se encontra em déficit com sua própria satisfação. Não se
trata meramente de uma personalidade culposa, mas de uma projeção de uma baixa
auto-estima no processo compulsivo de tentar ajudar o outro. Quanto desperdício
podemos produzir também na esfera humana.
O tão antigo conceito de mente e corpo saudável está
reduzido à estética e alienação social. O mais importante seria a aceitação plena
de si próprio com uma tranqüilidade para mudar o que se precisa, pois a mente
ou o suposto corpo saudável pode ainda dizer da comparação com um modelo
vigente. O fato é que por se viver pouco, muitos requerem aplausos
intermináveis para seu ego. O próprio histórico do desenvolvimento infantil dá
a dimensão exata do que vem a ser a auto-estima. A psicanálise centrou todas as
baterias no famoso complexo de Édipo, achando que o mais puro e genuíno esforço
do ser humano seria a luta pelo afeto exclusivo de um dos genitores.
Infelizmente tal tese não percebe que o conflito do Édipo nada mais é do que
um treino ou etapa para algo muito mais vasto. *ALFRED ADLER sempre assinalou
que por trás do conflito familiar havia o desejo de poder e controle do meio
social. O embate familiar privado era a primeira dimensão para a ferrenha
disputa de poder que acompanha o ser humano pelo resto de sua vida. Neste
ponto me permito criticar enfaticamente a psicanálise, pois o desejo central
não é a primazia da importância no núcleo familiar, mas tão somente garantir
uma posição de destaque. O amor dos outros, de estranhos, a devoção de
alguém desconhecido, é o gozo que habita os mais recônditos cantos de nossa
alma. A fama ou imortalidade diz do difícil desafio de conseguir e aprisionar o
amor alheio. O Édipo então é mera passagem para alguém que já
esquematizou não apenas seu narcisismo, mas também seu desejo de manipulação do
coletivo. Todos somos ditadores frustrados, e o modo como lidamos com nossa
soberba é uma pista de como anda nossa auto-estima ou saúde psíquica.
A fama, poder e beleza nada mais são do que “férias”
para todo tipo de conflito psicológico ou problema relacionado à auto-estima, anulando qualquer efeito
negativo oriundo da personalidade do indivíduo. A busca dos elementos citados é
o atalho mais simples para se comprovar uma estima claudicante. O irônico neste
tema é o fato de que a pessoa que mais
procura tais elementos é justamente aquela que passou sua vida lutando contra
si mesma. A justa finalidade da fama ou poder seria a erradicação da timidez
coletiva de expor as fraquezas pessoais, e aprendermos um certo caminho para o
crescimento pessoal por parte de pessoas que não tiveram medo de se expor e
registrar seu processo pessoal. Com a licença devida do leitor serei enfático
ao afirmar que apenas existe uma única forma para aprender a se gostar:
explorar os recursos pessoais e que estes sirvam plenamente para ambas as
partes envolvidas (a pessoa e sociedade). A auto-estima é como uma orquestra
sincrônica onde talento, vontade, dedicação e amor interagem harmonicamente,
sendo que não há medo ou timidez de se expor nenhum dos elementos; deveríamos
entoar tal cântico diariamente. A auto-estima é o orgulho próprio no sentido
positivo e de quem o acompanha. Quem atinge ambas as metas poderíamos chamar de
uma pessoa feliz e serena; aquele que se atém apenas no primeiro chamaria de
uma pessoa segura; quem órbita somente no segundo se debaterá com os elementos
da inveja.
Enfim, a pergunta final e base dos mais de cem anos da psicologia é: como provar para alguém seu potencial? Como fazer com que o outro tenha a intuição de nosso olhar sobre sua cegueira interior, e tudo o que ainda não efetivou? Seria este processo uma violência ou arbitrariedade contra a pessoa, ou sua libertação? Qual a medida ou dimensão que podemos dirigir nosso esforço em função de alguém que resiste em viver plenamente? Certamente não se trata de impor algo, até porque isto sempre se mostrou impossível. O debate crucial não seria apenas a discussão do fracasso de alguém, mas o aprisionamento deste sujeito num emaranhado de atitudes que o desagradam diariamente. Todos gostam de filosofar sobre o quanto realmente uma pessoa pode mudar, seria realmente possível? Obviamente como psicólogo fui treinado a acreditar em tal fato, mas o mais importante não é a questão da mudança em si, mas que todo o processo de transformação seja de total domínio da pessoa, isto não significa a recusa da ajuda, até porque estaria cometendo um contra senso perante minha profissão; mas ensinar a pessoa que a receptividade jamais anula o valor interno, pelo contrário, estimula todos os possíveis sentidos da percepção, sensibilidade e humanidade.
SITE
PRODUZIDO TOTALMENTE PELA EXPERIÊNCIA CLÍNICA DO AUTOR.
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Vide
site central acima.
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ALFRED
ADLER, inicialmente colaborador de FREUD e precursor da psicologia social. Suas
teses de complexo de superioridade e inferioridade ganharam o mais absoluto
domínio público. Sua obra no Brasil permanece praticamente inédita, devido não
apenas o predomínio da psicanálise nas faculdades de psicologia, mas também ao
histórico da ditadura militar que suprimiu as teses sociais da psicologia e
filosofia.